Que Trás-os-Montes é inegavelmente uma das regiões mais atrasadas da comunidade social, económica e cultural da União Europeia, já não é novidade para ninguém.
Que um dos principais motivos deste atraso, se deve sobretudo à crescente desertificação, que tem vindo a aumentar drasticamente desde os longínquos anos sessenta, também todos nós sabemos.
O que algumas pessoas talvez não saibam é que estes e outros problemas do Nordeste Transmontano estão a ser o alvo principal de estudo e investigação do Centro de Investigação de Montanha, fundado pela Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança.
Esta investigação iniciou-se em 2004, nas imediações da Escola Superior Agrária onde estão envolvidos cerca de setenta professores, sendo trinta doutorados.
Os investigadores têm como tarefa principal o diagnóstico das principais carências do Mundo Rural e simultaneamente encontrar alternativas de forma a dar vida a estas aldeias que nasceram nas encostas da montanha e cada vez mais moribundas.
Ao todo, são duas dezenas de projectos que o Centro de Investigação de Montanha tem em mãos e que englobam as vertentes de agro-sistemas, eco-sistemas e sociologia rural.
A agricultura do Nordeste Transmontano tem sido o alvo principal e privilegiado dos investigadores, que já apontaram várias soluções para ressuscitar esta actividade tão característica nesta região.
Uma das soluções no que concerne a esta área, passa pelo incentivo à prática da agricultura biológica após a realização de diferentes análises e investigações ao meio.
A aposta nos produtos biológicos já está a ser posta em prática na Freguesia de Milhão, do concelho de Bragança.O azeite biológico e o mel, segundo os investigadores, devem proliferar na região, uma vez que “estão reunidas as condições necessárias para rentabilizar esta produção” afirmam.
Os problemas relacionados com o cultivo do castanheiro, nomeadamente a doença da tinta, a exploração do freixo e a avaliação da produção e da qualidade da carne mirandesa também fazem parte da investigação que está a decorrer.
O coordenador do Centro de Investigação de Montanha e presidente do IPB, Dionísio Gonçalves, diz que “Na região transmontana temos parques naturais, como é o caso do Parque Natural de Montesinho e do Parque Douro Internacional, que têm as condições necessárias para apostar nesta actividade”.
Este Centro de Investigação recebe uma verba fixa para o seu funcionamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia, embora, esta ajuda financeira não seja suficiente para desenvolver todos os projectos da investigação. Mas todos os planos de investigação em curso têm uma parceria, com vista ao financiamento, com diversas entidades, quer públicas quer privadas, para que os estudos possam ser uma realidade.
Dionísio Gonçalves sublinha a fragilidade e o abandono em que se encontram as zonas de montanha, não só da região transmontana, como de todo o País, justificando a importância deste espaço no Instituto Politécnico de Bragança e afirma que “Noutros países da Europa, como é o caso da Alemanha, as áreas de montanha estão desenvolvidas. Além disso, também existe um grande conhecimento científico sobre as formas mais adequadas para o Homem se mover nestes locais e a maneira mais apropriada para se rentabilizarem os solos”.
CM [01-08-2005]
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