quarta-feira, 13 de junho de 2007

Santo Antão da Barca foi levado por ladrões

Santo Antão da Barca foi roubado do seu altar onde se encontrava há pelo menos duzentos anos.

Santo Antão foi um eremita egípcio que terá vivido nos séculos III e IV, mas segundo as lendas do povo do Nordeste Transmontano, terá escolhido os passos perdidos de um local ermo junto à margem do rio Sabor para a prática das suas orações e o exercício de uma vida contemplativa.

Com os anos o local designado de Santo Antão da Barca, situado na freguesia de Parada, concelho de Alfândega da Fé, tornou-se emblemático para milhares de pessoas que habitam nos concelhos situados mais a sul do distrito de Bragança.

Ao longo dos anos centenas de pessoas provenientes das diversas aldeias de Alfândega da Fé, Mogadouro, Bragança e Torre de Moncorvo fizeram do santuário de Santo Antão da Barca uma romaria de referência regional no contexto da religiosidade popular.

Para aí se dirigiam, e ainda hoje se dirigem, em Setembro, centenas de devotos para prestarem culto a Santo Antão da Barca.

A capela onde se encontrava a imagem do santo a quem o povo atribuiu a profissão de guardador de porcos, e que agora foi levada pelos larápios, insere-se dentro de um recinto que actualmente se encontra completamente abandonado.

Hoje o local não passa de um pequeno aglomerado de casas, cujo principal interesse continua a residir na importância cultural e etnográfica que a romaria anual foi cimentando entre os povos que habitam a zona mais a jusante do rio sabor.

A imagem religiosa roubada poderá possuir centenas de anos, porquanto ela existe neste templo há mais de dois séculos, altura em que a família dos Távoras mandou construir o edifico numa sua propriedade denominada como Poço da Barca. Contudo, é possível que o ícone seja proveniente de um edifício muito mais antigo e também muito mais modesto, do qual já não existem quaisquer vestígios mas que, segundo a lenda frequentemente ouvida entre a população local, terá sido erguido em época muito anterior à intervenção da família dos Távoras neste local.

O Santuário de Santo Antão da Barca ainda nos dias de hoje possui um grande significado religioso, etnográfico e cultural, mas é nos finais do século XIX e durante quase todo o século XX que o sítio granjeia um significado especial entre a população que vive nas aldeias implantadas nas imediações do vale do Baixo Sabor.

Esta importância cultural, etnográfica, religiosa e social foi mesmo invocada pelos ambientalista e todos aqueles que se opõem à construção de uma barragem no rio Sabor, como mais um argumento para ajudar a obstar a sua construção.

O santo foi roubado após o arrombamento das portas, que tudo indica, foram forçadas com um pé de cabra.

As autoridades policiais já estão a investigar o furto.

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