segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Febre da carraça: uma preocupação a ter em conta

Num seminário realizado recentemente em Bragança, cientistas norte-americanos revelaram suspeitar que a febre da carraça pode originar doenças degenerativas-neurológicas, como a esclerose múltipla, baseando-se nas afinidades destas patologias com o sistema nervoso central.

As doenças degenerativas-neurológicas, como a esclerose múltipla ou esclerose em placas e as esclerodermias (lesões na pele), resultam de danos no sistema nervoso central, cujas causas ainda não são conhecidas na medicina e os investigadores norte-americanos acreditam que possa haver algum relacionamento entre os danos causados pela febre da carraça e o desenvolvimento destas patologias que levam à paralisia e atrofia muscular.

Apesar de Victor Lourenço, delegado distrital de saúde, afirmar que as suspeitas norte-americanas "são ainda hipóteses" defende que estas teses necessitam de ser comprovadas e que estão a merecer a atenção da comunidade científica.

Victor Lourenço explicou à comunicação social que referiu a suspeita norte-americana para alertar "as instituições a unirem-se no combate à febre da carraça", sendo o Nordeste Transmontano onde se registam mais casos.

Nos casos mais graves, a bactéria é transmitida pela mordedura do parasita que provoca a febre escaro-nodular, comummente chamada febre da carraça e afecta o sistema nervoso central e a parte pulmonar.

O Instituto Ricardo Jorge de Lisboa está a desenvolver um estudo sobre estes parasitas na região, que estão a provocar novas doenças nos animais, e os investigadores também as associam às alterações climatéricas, e acreditam que podem trazer novas preocupações em termos de saúde humana.

Berta Nunes, coordenadora da sub-região de saúde espera que este seminário seja o início de uma maior articulação entre as diversas entidades ligadas à problemática, nomeadamente a medicina veterinária e humana.

A febre escaro-nodular (febre da carraça), no Distrito de Bragança é oito vezes superior à média nacional e dez vezes superior em relação à região norte, com 80 casos por cem mil habitantes, enquanto a média nacional é de 10 em 100 mil habitantes.

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