segunda-feira, 19 de março de 2012

Desertificação preocupa Igreja em Trás-os-Montes

O bispo de Vila Real considerou hoje que a desertificação que se verifica em Trás-os-Montes é “alarmante”, comentando a visita que o presidente da República Portuguesa vai realizar a algumas localidades daquela região do país.

D. Amândio Tomás - Bispo de Vila Real
D. Amândio Tomás disse à Agência ECCLESIA que a passagem de Aníbal Cavaco Silva pelos distritos de Vila Real e Bragança,  é uma “forma do presidente conhecer o terreno e ver a realidade transmontana”.

Para o prelado, a Diocese de Vila Real tem as “mesmas dificuldades do Interior”, visto que está “demasiado depauperada com o envelhecimento e com a falta de emprego.

O último censo realizado em Portugal “mostrou, claramente que o Interior do país está a morrer”, lamenta D. Amândio Tomás, antes de referir que as populações “se deslocam para as cidades” porque “quem precisa de trabalho vai para o Litoral”.

Francisco Cepeda, presidente da recém-criada Comissão Diocesana Justiça e Paz de Bragança-Miranda, refere, por sua vez, que “há muitos anos que as terras de Trás-os-Montes, sobretudo do Nordeste transmontano, são completamente desprezadas e abandonadas, independentemente do partido que esteja no poder”.

A Comissão Justiça e Paz daquela diocese transmontana pretende ser “uma voz ativa do povo”, afirmou.
Para alterar este panorama desolador, Francisco Cepeda tem receio “que seja tarde para estancar” este fluxo migratório porque “inverter é impossível”, mas aponta hipóteses: “Arranjar algo (postos de trabalho) que fixasse as pessoas e apostar na industrialização, via produtos agrícolas”.

A Igreja – “apesar dos poucos recursos” – tem dado o seu apoio às populações para que as aldeias que ficam no meio das serranias não morram e transmite “uma palavra de ânimo”, salienta D. Amândio Tomás.
Por outro lado, segundo as palavras do bispo de Vila Real, a comunidade católica está a “tentar dinamizar a juventude com algumas iniciativas”.

O prelado socorre-se da História de Portugal para demonstrar que o caminho atual não é o mais correto: “Os nossos reis tentaram sempre povoar o Interior”.

Com a agricultura “a morrer a olhos vistos”, D. Amândio Tomás sublinha que o setor vinícola está nas “mãos de grandes proprietários” e os pequenos agricultores desta área “morrem porque não têm competitividade”.

Fonte: Agência Ecclesia

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