segunda-feira, 10 de abril de 2006

Cirurgia sai do Hospital de Macedo de Cavaleiros

O Hospital de Macedo de Cavaleiros ficou mesmo sem o serviço de Cirurgia Geral, como aliás já vinha a ser anunciado.

Desde segunda-feira que já não são feitas operações naquela unidade hospitalar e os dois cirurgiões foram transferidos para o hospital de Mirandela. Os números colocam Macedo na última posição em termos de cirurgias na região, 323 no ano de 2005, quando o mínimo exigido são mil e quinhentas operações anuais. Mas, mesmo assim a Comissão de Saúde de Macedo está indignada com a atitude do Centro Hospitalar e queixa-se da falta de diálogo, como refere o presidente, José Madalena.

A revolta estende-se à população que não se revê nesta política do centro Hospitalar e, por isso mesmo, José Madalena garante que vão ser tomadas medidas já na próxima Assembleia Municipal.

A comissão vai reunir com a administração do Centro Hospitalar amanhã, três meses depois do primeiro pedido. José Madalena vai queixar-se da forma como foi tomada a atitude e da ausência de diálogo. O responsável considera ainda que Macedo era um hospital de primeira linha e que agora passa a ser uma unidade de retaguarda.

Com a certeza da saída da valência de cirurgia geral da Unidade Hospitalar de Macedo de Cavaleiros, a Onda Livre foi à rua ouvir a opinião da população de Macedo acerca deste assunto. Todos os inquiridos são contra, alguns mesmo falam que se corta no sítio errado. “Tiram-se valências, mas acrescentam-se administradores”, refere a população. A população contra a saída da Cirurgia do Hospital de Macedo de Cavaleiros.

FRIEZA DOS NÚMEROS

A unidade Hospitalar de Macedo de Cavaleiros tratou no ano de 2004, nos serviços de cirurgia geral, cinco vezes menos doentes do que o Hospital de Bragança e com um custo muito superior.

Cada utente tratado em Macedo custou aos Serviço Nacional de Saúde (SNS) mais de 3 mil e 600 euros, enquanto que no Hospital de Bragança esse custo se ficou pelos mil e 500 euros. É mais uma conclusão do Relatório da Contabilidade Analítica dos Hospitais públicos referente a 2004, que continuamos a analisar. O número de utentes nesta especialidade em Macedo foi de facto muito inferior às outras duas unidades de saúde do distrito de Bragança.

O Hospital de Macedo tratou apenas 441 casos em 2004, enquanto que a unidade de saúde de Mirandela operou 1 575 e o Hospital de Bragança 2 207 utentes, cinco vezes mais que o Hospital de Macedo. Já o Centro Hospitalar de Vila Real/Peso da Régua em pouco passou o número de intervenções de Bragança, já que tratou 2264 pessoas.

No Hospital de S. João, no Porto, foram tratados 5 814 utentes em cirurgia geral. Mas, mesmo com um número inferior, o Hospital de Macedo de Cavaleiros teve custos maiores por cada tratamento. Cada uma das intervenções em cirurgia geral em Macedo teve um custo para o Estado superior, e muito, aos outros dois hospitais do distrito de Bragança: 3 661 euros. Os utentes desta valência em Mirandela custaram cada um 1 655 euros, e em Bragança 1 530 euros. Em ambos os hospitais, os valores correspondem a cerca de metade dos verificados em Macedo de Cavaleiros.

Comparando estes números com os do Centro Hospitalar de Vila Real Peso da Régua, a diferença de valores uma vez mais está patente: os custos são superiores quanto mais para o litoral nos deslocamos. No centro hospitalar do distrito de Vila Real cada de cirurgia geral teve um custo unitário de 1 716 euros, enquanto que no hospital de S. João no porto custou 2 631 euros. (Uma análise do jornalista Pedro Faria).

ORDEM INTERNA

Na ordem de serviço do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Nordeste, emitida a 23 de Março e que congrega os serviços das unidades hospitalares de Bragança, Macedo e Mirandela, já não constava a nomeação de um director para o serviço de Cirurgia para a Unidade Hospitalar de Macedo de Cavaleiros, ou seja, conclui-se que esta valência vá sair do hospital macedense.
Há ainda um conjunto de informações vindas a público que não corresponderem à realidade apresentadas pelo Ministro da Saúde, como explicou Duarte Moreno, vice-presidente da autarquia de Macedo.

URGÊNCIA

Por enquanto certezas há apenas quanto à saída da Cirurgia, no entanto há rumores de que outros serviços corram riscos de desaparecer também desta Unidade de Saúde. Falamos do Serviço de Urgência. Fonte Interna do Hospital de Macedo ligada a este serviço e que não quis ser mencionada declara que, na passada semana, houve uma reunião com o director clínico do Centro Hospitalar do Nordeste e que este ultimou o fim do serviço de urgência no hospital de Macedo… O mesmo se passa, portanto, para o Centro de Saúde, aquilo a que chamamos SAP (Serviço de Atendimento Permanente), aqui será feita a triagem dos doentes e, em caso de necessidade, encaminhados para os outros dois hospitais do distrito: Bragança ou Mirandela.

Contactada a administração do Centro Hospitalar do Nordeste, esta remete os esclarecimentos acerca desta e de outras questões para uma conferência de imprensa a realizar na próxima semana, onde será apresentado o Plano Estratégico de reestruturação das três unidades hospitalares do Nordeste Transmontano.

[07-04-2006] Miguel Midões com Joana Dias Cordeiro

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