O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEF) denunciou hoje que os enfermeiros de Bragança estão a trabalhar a “mais de 150%” para colmatar a falta de profissionais, números que os responsáveis pelos serviços de Saúde alegam estarem desatualizados.
A estrutura sindical socorreu-se de número oficiais relativos ao ano de 2011 que apontam para 128 enfermeiros em falta nas valências e especialidades dos três hospitais da região, os de Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Bragança.
“A atualidade é bem distinta”, contrapõe a Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE), lembrando que só depois de 2011 é que foi constituído este organismo, que passou a agregar os três hospitais e 15 centros de saúde do Nordeste Transmontano.
Com base nos dados do relatório da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) relativos a 2011, o sindicato dos enfermeiros conclui que “na maior parte dos serviços constata-se que os enfermeiros estão a ser ‘utilizados’ acima dos 150%, ou seja, para além do seu trabalho estão a colmatar a falta de enfermeiros que deveriam ter sido admitidos e não foram”.
“O quadro negro demonstra que nos serviços onde é aplicado este instrumento, milhares de horas de cuidados ficaram por ser prestados”, aponta o sindicato, em comunicado.
O SEP lembra que o centro hospitalar, entretanto extinto com a criação da ULS, “tem uma dívida de 14.000 horas aos enfermeiros, ou seja de 1.750 dias de trabalho” e volta a ameaçar que esta situação “poderá determinar uma tomada de posição dos enfermeiros, que exigirão o pagamento dessas horas e mostrarem indisponíveis para qualquer trabalho para além do seu horário normal”.
O sindicato classifica como “vergonhoso, os enfermeiros continuam a ser “convidados” a emigrar enquanto a realidade das instituições e dos serviços é de grande carência e de exaustão das equipas de enfermagem”.
Contactado pela Lusa, o Conselho de Administração da ULSNE reagiu por escrito, dando conta de que “é com surpresa que vê esta informação ser veiculada como atual”, frisando que “a atualidade é bem distinta”, mas sem indicar números.
A administração indica que a reestruturação organizacional feita com a criação da ULSNE “gerou eficiência e eficácia na gestão dos recursos humanos, melhorando a dotação de enfermeiros por serviço, quer através de novas contratações, quer através de mobilidade interna de profissionais”.
A unidade local de saúde perspetiva que o aumento do período normal de trabalho para 40 horas na Função Pública “irá suprir algumas necessidades ainda verificadas”.
No final de 2012, os serviços de saúde no Nordeste Transmontano contavam com 619 enfermeiros para 147 mil habitantes.
Naquela data, o bastonário dos enfermeiros, Germano Couto disse, em Bragança, que esta região tem 4,6 enfermeiros para cada mil habitantes, enquanto que a média nacional é de mais de seis profissionais, ainda assim inferior “ao desejável, comparativamente com a União Europeia, que apresenta quase nove enfermeiros para cada mil utentes”.
Fonte: Agência Lusa
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