sexta-feira, 28 de julho de 2006

Clínicos de Bragança condenados por falta de zelo

Volvidos dois anos do falecimento de Vera Lúcia Salgueiro, uma jovem residente na capital do Nordeste Transmontano de apenas 23 anos de idade e após a queixa apresentada pelo marido no livro de reclamações do Hospital de Bragança, por considerar que a esposa tinha sido mal atendida e que não tinham sido feitos esforços para elaborar o diagnóstico correcto, a Inspecção-Geral da Saúde (IGS) após o encerramento do inquérito movido aos dois médicos do Hospital de Bragança, instaurou ainda em 2005 processos disciplinares a cada um dos clínicos e hoje dia 24 de Julho de 2006 foi tornado público o relatório final da IGS e as lidas as sentenças.

O relatório considera que "houve violação das regras das "leges artis" quando os médicos decidiram dar alta à utente, no período compreendido entre 27 e 30 de Dezembro de 2003.

Os dois médicos do centro Hospitalar do Nordeste Transmontano, um assistente graduado de cirurgia geral e um assistente de clínica geral, foram condenados ao pagamento de multas no valor de dois mil e quinhentos e quinhentos euros, respectivamente, e as penas foram suspensas por um período de três anos e de um ano.

A I.G.S. afirma que a jovem devia ter sido analisada em termos clínicos, para se saber ao certo o diagnóstico, nomeadamente,"solicitando a colaboração da Medicina Interna ou da Cardiologia, dado que persistiam sintomas há vários dias não totalmente explicáveis, nem enquadráveis em nenhuma patologia específica", refere o relatório.

O relatório também diz que a explicação do médico não foi suficiente para afastar "a imputação do ilícito disciplinar por violação do dever geral de zelo previsto no Estatuto Disciplinar e no Estatuto Médico", ficando assim por explicar a razão porque foi dada alta à utente "quando bem sabia das duas idas da mesma à Urgência no dia 27/12/03 com idênticos sintomas, da inexistência de um diagnóstico claramente formulado e de que somente em ambiente hospitalar havia condições e meios para se investigar o quadro clínico".

O relatório da autópsia atribui a causa da morte da jovem a uma rotura espontânea de aneurisma dessecante da aorta, que nunca chegou a ser diagnosticada durante as várias deslocações ao hospital.

Em relação às penas de multa aplicadas aos clínicos, o marido da jovem que perdeu a vida, em declarações ao JN afirmou-se inconformado dizendo que a punição aplicada "é uma luz no fundo do túnel e a esperança de que ainda possa ser feita justiça" e disse que moveu um processo contra a unidade de saúde de Bragança, que está a correr no Tribunal de Bragança e que para já se mantém em segredo de justiça.

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